É notável, pelo menos para mim, como o comportamento referente a congestionamento nasal pode dizer muito sobre uma pessoa. Quando descobri isso, em minhas rodanças mundo afora, achei que tinha redescoberto a roda, ou que era possuidor de um dom extraordinário, algo profético que eu enunciaria biblicamente dessa maneira: “diga-me como ages em relação à sua indisposição gripal e te direi quem és”. Eu seria o próximo Inri Christi, abriria uma igreja, compraria um rolo de barbante e faria um estoque infinito de grampos, além de adquirir um ônebus-azul-da-Mercedes-novinho-em-folha que teria grafado em letras quadradas e brancas: 4111, ele teria um trocador e um motorista a minha disposição 24 horas por dia. Umm.. Doce ilusão!
Sim, sim, sim, é isso mesmo, eu fui tolo, e ninguém deu crédito à minha constatação genial. Mesmo assim continuei acreditando piamente nela e recentemente enquanto estive peregrinando pela América Do Sul (adoro aquele lugar!), desenvolvi uma pesquisa concisa com bases sociológicas e psicanalíticas baseadas na “Dialética Do Esclarecimento” onde finalmente alguém me ouviu por tempo suficiente para me entender, ou fingir que me entendeu.
Sem mais delongas, o negócio é o seguinte; pessoas de países subdesenvolvidos (explorados) ficam fungando melequinha, enquanto gentes de países desenvolvidos (exploradores) não têm a menor vergonha e assoam as catotas na frente do papa, sem menor cerimônia, produzindo barulhos próximos aos de motores de aviões Jumbos quando são ligados. As duas coisas são verdades e não sejam moralistas, se vocês não acreditam que loirinhos branquelos caçoam de um lencinho de bolso sem a menor dó, ou que nós ficamos fungando catarro (sim) quando o nariz está escorrendo que queimem no mármore do inferno!
Na minha nada humilde opinião de pessoa que já esteve em vários lugares do mundo e que já morou no interior da Austrália um ano, a explicação sociopsicanalítica desse fato altamente interessante, é que a sociedade dos países-ex-colônias hiper moralista e conservadora que sofreu com ditaduras impostas pelo imperialismo e com a imposição de morais religiosas inconcebíveis nos seus contextos, não aceita a idéia de que assoar o nariz seja algo saudável e humano. Então, enquanto pessoas oriundas de países “desenvolvidos” assoam seus narizes, até porque elas têm, geralmente, morais e costumes menos conservadores e geradores de preconceitos, e se preocupam com coisas mais (ou menos) importantes. Nós, ao contrário, só assoamos o nariz no banheiro e nunca em locais públicos e ficamos fungando melequinhas em provas de vestibular, salas de aula e em ônibus de madrugada.
Moral: o Brasil precisa aprender a lidar com suas melecas para alcançar o “desenvolvimento” pleno.
*Um beijo pra Carlota que fez uma revisão a jato no texto antes de eu soltá-lo!
3 comentários:
Canedo, sua teoria é fantástica!!!
Mudou meu modo de ver os problemas nazais. Minha vida agora é outra.
A partir de hj vou contribuir para o desenvolvimento do Brasil!
Chorei tanto ao ler isso que meu nariz parecia uma cachoeira. Logicamente, eu deixei tudo escorrer, pois não mais aceito ser reprimido por este sistema!
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