24 de set. de 2008

Célia

Quem a vê pela primeira vez não imagina que aquela moça franzina, com cara de adolescente, é mãe de quase meia dúzia. E o mais difícil: mora sozinha com os meninos numa das áreas mais castigadas desse Brasil. E quando digo castigada é castigada mesmo: seca, miséria, casas de pau a pique, chão de terra batida e o diabo a quatro. Tem criança por lá que é obrigada até a fazer coisa que nem sabe o que é, só pra trazer comida pra dentro de casa.

Por isso, muita gente acaba decidindo procurar emprego fora, cortar cana em São Paulo ou construir posto em Ipatinga, como fez seu marido. Mas ela não. Decidida, enfrenta o calor do dia e o frio da noite, esquenta janta, faz almoço, molha argila, faz molde, constrói ovelha, leva no forno e passa verniz tantas vezes que até compensa as outras que, por todos os motivos que a vida lhes deram, preferem não acreditar.

Célia é ceramista. No Vale. E por isso bato palmas.

2 comentários:

Zimmer-Homem disse...

só uma pergunta: ela constrói ovelhas?

Rodrigo disse...

ehauheauhae, é ovelhinha de argila ;p