5 de nov. de 2009

Pós-Comtemporaneidades

PAH!

Quando a porta bateu, ele saiu correndo.

Maria brincava na rua, titubeava em seus passos imperfeitos, balangando de um lado para o outro, lentamente, como um pingüim. D. Josira assistia a neta sorrindo, sentada na mureta do canteiro. Maria, em sua vozinha aguda e inocente disse: “tchau”, quando o irmão saiu correndo.

Quando a porta bateu, Marília, a mãe, sentava no chão da sala, aos soluços.

Quando a porta bateu, Paulo, o pai, alisava seu bigode e dizia com sua voz rouca e firme: “Não dou duas horas, ele vai estar de volta”.

A pequena Maria em seu vestidinho de bolinhas vermelhas segurava um copinho de plástico com refrigerante. Quando a porta bateu, Mariazinha largou o copo, porque sabia que nunca mais veria o irmão.

Ela, aos três anos de idade, era a única que entendia a situação.

Ele, aos 14, preferiu Guaraná, e nunca mais tomou Coca-Cola.

Um comentário:

Universo Cidade disse...

as vezes as crianças sao as unicas capazes de dizer que entenderam , pq os adultos ja sao prepotentes demais p compreender outras frequencias ,saber dos fatos,todos sabem,uns preferem se comportar feito "crianças" fingir q não!