Papo Cabeça

"A juventude hoje não tem uma bandeira para carregar e por isso me parece perdida"

01:46 da manhã de quarta. Sim, em outras ocasiões eu diria terça de madrugada! Hoje, porém, estou disposto a fazer um desabafo, e não será dos felizes. O que me abafa? A falta de sentido e de objetivo do mundo!
Não costumo discutir o tema que irei abordar. Eu diria que somente bêbado e superficialmente pelos butecos do planeta-terra. O fato é que me sinto sufocado com a falta de ideologias fortes e com o comodismo da sociedade, principalmente por parte da minha geração. Em outras épocas as pessoas tinham um ideal por que lutar e mais, tinham coragem e disposição para se exporem na defesa de suas causas, como a paz, a libertação sexual, a liberdade de expressão, etc, etc, etc.
A juventude hoje não tem uma bandeira para carregar e por isso me parece perdida. O sistema, utilizando-se de seus próprios artifícios, sobretudo a publicidade, acabou evoluindo de tal forma para combater seus opositores e suas fraquezas que se tornou uma imensa bola de neve, cíclica, sempre girando, que de tanto tentar criar algum sentido para seu funcionamento terminou por perder qualquer significado que antes tinha, dogmatizando-se.
Comprar, consumir, malhar, comer, trepar, beber, fumar, não fumar, esses atos tornaram-se paradoxalmente ridículos e supervalorizados. O capitalismo, sem o comunismo como sua contrabalança, tornou-se verdade absoluta e inquestionável e a ideologia certamente mais forte e latente que notamos atualmente.
Não me admira o aumento do consumo de drogas no mundo mais, nem dos casos de bulimia e anorexia, nem o alto número de suicídio em paises com “alta qualidade de vida”, nem a obesidade dos estado-unidenses, nem a subnutrição dos nordestinos. Não me admira que conhecidos meus vivam em drogas sintéticas ouvindo “musica” eletrônica, ou que adolescentes trajando preto, hiperemocionais e bissexuais povoem a praça da savassi à noite. Sendo assim, muito menos que os diretórios acadêmicos das faculdades, outrora efervescentes antros de conspirações e movimentações políticas, hoje passaram a ser, no máximo, salas de sinuca.
Se outrora lutaram pela democracia, onde está ela? Muitos dos corruptos hoje nas câmaras pelo país certamente foram contra a tal da ditadura.
Se lutaram pela libertação sexual, surgiu a Aids, que é muito pior do que bicho papão.
Se lutaram pela paz, hoje ela parece uma piada, ou uma utopia bíblica.
Se lutaram pelo Rock’n’Roll, surgiram a MTV e o Micheal Jackson.
Sim, realmente nossa geração é conformista e acomodada. São poucos os jovens que são engajados em alguma causa que valha a pena e não apenas venda chaveiros ou que tente salvar as baleias do ártico. O que me tira o sono nessa madrugada é que nós, apáticos e alienados, fomos criados por uma geração engajada, que mudou o contexto em que vivia, e lutou para que isso acontecesse. Acredito que caberia a nós, jovens, perguntarmo-nos se queremos de fato viver num mundo que é fruto dessas lutas de nossos pais contra nossos avós, ou se poderíamos de alguma forma, criar e lutar por algo melhor e que seja do NOSSO jeito. Somos ou não somos o futuro do país?

_____*Se falei alguma coisa ofensiva ou absurda, desculpas! Quero deixar claro aqui, que não briguei com minha mãe antes de escrever esse texto e que, minha mais íntima intenção ao escrevê-lo era suscitar um debate saudável.